Os dois próximos dias serão os derradeiros para articulações políticas nesse período de “pré-campanha eleitoral”. Depois da convenção do DEM, que confirmará José Ronaldo como candidato, e do PT, que apresentará Rui Costa à reeleição, a campanha deve começar “pra valer”. E o que esperar do processo eleitoral? Melhor não criar grandes expectativas.
Expliquemos. Não há qualquer perspectiva de que temas caros à sociedade baiana sejam abordados de maneira aprofundada. De experiências prévias depreendemos que os candidatos devem ser rasos o suficiente para fingir tratar de assuntos como saúde, segurança e educação, porém sem efetivamente discutir detalhadamente soluções para os problemas. Por duas razões básicas: quem está no governo tende a ver o copo “meio cheio” e quem está fora acha que o copo está “meio vazio”.
Rui vai usar e abusar do apelido de “Correria”, que entrega obras e que muda a realidade dos municípios pelos quais o governo da Bahia passa. Mesmo que no interior haja uma parcela de descontentes, que sugere que o petista governou apenas para a capital, não faltarão defensores de que as políticas públicas iniciadas por Jaques Wagner tiveram sequência na atual gestão. Com avaliações positivas, é candidatíssimo à reeleição e, caso use as estratégias adequadas, dificilmente deixará grudar nele as acusações que a oposição deve fazer ao longo da jornada.
Já José Ronaldo terá a dificuldade de se mostrar um candidato efetivo, fora da pecha de cumpridor de tabela a que foi alçado depois de substituir o então candidato da oposição, o prefeito de Salvador, ACM Neto. O democrata também tem pontos positivos, porém o pouco espaço de tempo de campanha o impedirá de torná-los conhecido. E os ataques que deve fazer a Rui precisam ser muito efetivos para transformar o governador em um alvo atingível. O petismo na Bahia criou uma estrutura de perpetuação no poder que apenas uma hecatombe ou um nome extremante competitivo poderia removê-lo do páreo.
Por coincidência os dois últimos a serem oficialmente declarados candidatos são os que devem criar mais condições de tornar o debate eleitoral menos chocho do que a atual expectativa. João Henrique (PRTB), Célia Sacramento (Rede), Marcos Maurício (PSDC), João Santana (MDB) e Marcos Mendes (PSOL) serão coadjuvantes em um espetáculo aparentemente previsível. Todavia, caso algum deles consiga furar a predominância de Rui e José Ronaldo na imprensa, a discussão pode render boas pérolas.
O tom adotado pelos candidatos do DEM e do PT nas convenções pode ser um prelúdio do que podemos esperar durante a campanha eleitoral em si. Se os candidatos fossem Rui Costa e ACM Neto, o ringue estaria bem perto de uma disputa de MMA. Agora, com José Ronaldo no posto de principal nome da oposição, o jeito é torcer para que o embate seja ao menos próximo de boxe olímpico – mais cordial e menos violento.
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